domingo, 8 de fevereiro de 2009

ALLAN KARDEC

ALLAN KARDEC, O CODIFICADOR DO ESPIRITISMO

O Professor Rivail:
Na cidade de Lyon, na França, na rua Sala, n.º 76, nasceu, no dia 03 de outubro de 1804, aquele que se tornaria célebre sob o pseudônimo de Allan Kardec.
Filho de tradicional família francesa de magistrados e professores, teve como pai o Sr. Jean Baptiste Antoine Rivail, que era magistrado, e a Sra. Jeanne Louise Duhamel, sua mãe.
Batizado pelo padre Barthe, a 15 de junho de 1805, na igreja de Saint Denis de la Croix-Rousse, recebeu o nome de Hipollyte Léon Denizard Rivail.
Em Lyon fez os seus primeiros estudos, seguindo depois, aos doze anos, para Yverdon, na Suíça, a fim de estudar no instituto do célebre professor Pestallozzi. O instituto desse abalizado mestre era um dos mais famosos e respeitados em toda a Europa, reputado como escola modelo, por onde passaram sábios escritores do velho continente. Desde cedo Hipollyte tornou-se um dos mais eminentes discípulos de Pestallozzi, um colaborador inteligente e dedicado, chegando mesmo a substituir, muitas vezes, o grande mestre, quando este se afastava por solicitação de outros governos para a criação de outros institutos, ou por outros compromissos.
Dotado de notável inteligência e atraído por sua vocação, desde os 14 anos ele ensinava, aos condiscípulos menos adiantados, tudo o que aprendia.
Concluídos os seus estudos em Yverdon, regressou a Paris, onde se tornou conceituado Mestre não só em letras como em Ciências. Doutorou-se em medicina, após completar todos os estudos médicos e defender brilhantemente sua tese. Insigne lingüista, conhecia profundamente e falava corretamente o inglês, o italiano o alemão, o espanhol; tinha conhecimentos também do holandês e com facilidade podia expressar-se nesta língua.
Membro de inúmeras sociedades de sábios, especialmente da Academia Real d´Arras, foi premiado, por concurso, em 1.831, apresentando a sua magnífica memória: "Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época?".
Encontrando-se no mundo literário de Paris com a professora Amélie Gabrielle Boudet (que era nove anos mais velha que ele), culta, inteligente, autora de livros didáticos, contrai com ela matrimônio, em 06 de fevereiro de 1.832, conquistando uma preciosa colaboradora para a sua futura atuação missionária.
Citamos abaixo suas obras em ordem cronológica:
1.828 – Plano apresentado para o aperfeiçoamento da instrução pública;
1.829 – Curso Prático e Teórico de Aritmética – para o uso das mães de família e dos mestres;
1.831 – Gramática Francesa Clássica;
1.846 – Manual dos Exames para obtenção dos Diplomas de Capacidade, soluções racionais de questões e problemas de Aritmética e Geometria;
1.848 – Catecismo Gramatical da Língua Francesa;
1.849 – Nessa época, o Sr. Rivail é professor no Liceu Polimático, lecionando nas cadeiras de Fisiologia, Astronomia, Química e Física. Em uma obra muito bem aceita, faz um resumo dos seus cursos, e publica em seguida: Ditados normais dos Exames na Municipalidade e na Sorbona; Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas.
Seguindo em sua carreira pedagógica, poderia o Sr. Rivail levar uma existência feliz, honrada, calma com a estabilidade construída pela perseverança no trabalho e pelo brilhante êxito que lhe coroara os esforços; no entanto, sua missão o chamava para uma tarefa mais dispendiosa, a uma obra mais excelsa e, como muitas vezes teremos ensejo de evidenciar, ele mostrou-se sempre à altura da gloriosa missão que lhe estava destinada.

Allan Kardec – Um Homem destinado a uma Missão – e o Método Adotado.
No ano de 1.854 o professor Rivail ouviu falar pela primeira vez nas mesas girantes.
A princípio tal fenômeno não lhe chamou tanto a atenção, pois como ele era um profundo conhecedor de Química, de Física e também do Magnetismo (ele dedicou 35 anos de sua vida ao estudo do magnetismo), essas ocorrências poderiam ser explicadas.
Porém, quando lhe falaram que uma mesa podia responder perguntas, aí as coisas mudaram de figura , e ele respondeu textualmente: "Eu acreditarei quando ver e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar e nervos para sentir e que se pode torná-la sonâmbula. Até lá permitam-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono".
Mais tarde, Kardec comenta o fato: "Encontrava-me no ciclo de um fato ignoto, contrário, aparentemente, às leis da Natureza e que minha razão não aceitava. Não tinha ainda visto nem observado nada; experiências procedidas em presença de pessoas honradas e dignas de fé firmavam-me na possibilidade de efeito meramente material; porém a idéia de uma mesa falante não cabia ainda no meu cérebro".
No ano seguinte – no começo de 1.855, o professor Rivail encontra o Sr. Carlotti, amigo de há vinte e cinco anos, que lhe fala sobre esses fenômenos por mais de uma hora, como entusiasmo que ele emprestava a todas as idéias novas. O Sr. Carlotti, natural da Córsega, era de natureza ardente e enérgica; O professor Rivail sempre distinguira nele as qualidades formadoras de grande e bela alma, mas não confiava na sua exaltação.
Menciona mais tarde, também Kardec, que o Sr. Carlotti foi o primeiro a lhe falar da intervenção dos Espíritos e este lhe narrou tantas coisas extraordinárias que, em vez de o convencerem, fizera crescer mais as suas dúvidas.
Depois de algum tempo, pelo mês de maio de 1.855, quando o professor Rivail esteve na casa da sonâmbula – Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador, também encontravam-se presentes o Sr. Pâtier e a Sra. Plannemaison, que lhe falaram desses fenômenos no mesmo sentido que usara o Sr. Carlotti, porém com outro tom. O Sr. Pâtier era funcionário público, idade avançada, belíssima instrução, de caráter grave, frio e ponderado; sua linguagem calma, destituída de qualquer entusiasmo; causou-lhe a narrativa profunda impressão.
Convidado para assistir as experiências que se faziam na casa da Sra. Plannemaison, à rua Grande-Bateliére, 18, aceitou solicitamente. A entrevista ficou marcada para uma terça-feira de maio, às 20.00 horas.
Nessa reunião, o professor Rivail assistiu pela primeira vez o fenômeno das mesas girantes, que pulavam o e corriam, e isso em tais condições que não era possível nenhuma dúvida.
Mais tarde, comenta ainda Kardec: "Assisti aí, também, alguns ensaios muito imperfeitos de escrita mediúnica em uma ardósia, contando-se com o auxílio de uma cesta. Minhas idéias longe estavam de terem sofrido modificação, mas no que sucedia devia haver uma causa. Percebi, debaixo dessas aparentes futilidades e a espécie de brincadeira que se fazia com esses fenômenos, algo de sério e como que a revelação de uma nova lei, que a mim mesmo prometi investigar mais a fundo."
Em um dos serões da casa da Sra. Plannemaison, travou o professor Rivail, conhecimento com a família Baudin, que o convidou a assistir às sessões semanais feitas em sua residência, o que foi aceito com interesse, e o fizeram comentar mais tarde:
"Aí foi que iniciei os meus estudos sérios em Espiritismo. Sujeitei a essa nova ciência, como o fazia a tudo, ao método da experimentação; jamais formulei teorias preconcebidas; observava acuradamente, comparava, tirava conseqüências; procurava pelos efeitos atingir as causas através da dedução pelo encadeamento lógico dos fatos, não aceitando como válida uma explicação, a não ser quando ela possa resolver as dificuldades da questão... Percebi nesses fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão discutido do passado e do futuro, a solução que em toda a minha vida andara procurando; em uma palavra, era uma total reviravolta nas idéias e nas crenças...
Das primeiras conclusões de minhas observações foi constatar que os Espíritos, sendo apenas a alma dos homens, não possuíam nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; seu saber era adstrito ao grau de sua evolução; e que a opinião que emitissem tinha apenas o valor de uma opinião pessoal..."
Cumpre observar-se porém, que de início, o Sr. Rivail, em vez de ser um entusiasta dessas manifestações e ocupado por outras preocupações, quase as abandonou, coisa que teria feito se não fossem os insistente pedidos dos Srs. Carlotti, René Taillandier, Tiedeman-Manthése, Sardou, pai e filho e Didier, editor que durante cinco anos vinham acompanhando o estudo de tais fenômenos, e haviam compilado 50 cadernos de diferentes comunicações, que não conseguiam ordenar. Conhecedores das vastas e raras aptidões de síntese do Sr. Rivail, esses senhores mandaram-lhe os cadernos, solicitando-lhe que deles tomasse conhecimento e os coordenasse – ordenasse-os. Tal trabalho, no entanto, era árduo e tomava muito tempo, devido às falhas e obscuridades dessas comunicações. O professor Rivail, não podia aceitar essa tarefa cansativa e absorvente, em virtude de outros trabalhos.
Uma noite, através de um médium, seu Espírito protetor, deu-lhe uma comunicação toda pessoal, em que lhe dizia, de permeio a outras coisas, tê-lo conhecido em uma existência anterior, quando, ao tempo dos Drúidas, ambos viviam nas Gálias. Ele usava, então, o nome de Allan Kardec, e, como continuamente aumentava a amizade que lhe guardara, esse Espírito prometia-lhe auxiliá-lo na tarefa importantíssima a que ele era solicitado, e que com muita facilidade empreenderia.
O professor Rivail entregou-se à obra: tomou os cadernos, anotou-os cuidadosamente. Depois de acurada leitura, eliminou as repetições e ordenou em sua respectiva posição cada ditado, cada relatório de sessão; apontou as falhas a preencher, as obscuridades a aclarar, e organizou o questionário necessário para atingir esse resultado.
A partir daí, as reuniões assumiram feição muito diversa: ele comparecia ás sessões com uma série de perguntas preparadas e, metodicamente dispostas, e elas eram respondidas com precisão, profundeza e de maneira lógica.
Relata posteriormente Kardec: "De início, eu não visava senão a minha própria instrução; depois, percebendo que tudo aquilo formava um conjunto e assumia os contornos de uma doutrina, tive idéia de o publicar, para instrução de todos. Essas mesmas questões foram as que, paulatinamente desenvolvidas e completadas, constituíram a base de O Livro dos Espíritos.
Cumpre também observar-se, que Kardec se utilizou do concurso de inúmeros médiuns, pois foram mais de mil grupos espíritas, no mundo todo que forneceram ao Codificador o material que ele sistemática e minuciosamente catalogou. A participação de todos esses grupos oriundos de várias partes da terra caracteriza o princípio da Universalidade dos Ensinos dos Espíritos.
No instante de o dar a publicação, o autor ficou bastante embaraçado em resolver como o deveria assinar, se com o seu nome - Hipollyte Léon Denizad Rivail, ou com o pseudônimo. Por ser muito conhecido o seu nome no mundo científico, devido aos seus trabalhos anteriores, e podendo dar origem a uma confusão, talvez até prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou a sugestão de o assinar com o nome de Allan Kardec.

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